A implantação embrionária é um acontecimento complexo em que acontece o contato entre o embrião e o endométrio (revestimento uterino) em um intervalo denominado "janela de implantação". Durante esse pequeno intervalo, cerca de 3 a 5 dias que ocorre por volta do 19º e 23º dia do período menstrual, o endométrio fica receptivo ao embrião e possibilita a sua implantação.

Ao decorrer desse período, ocorre uma imensa quantidade de processos celulares, moleculares e morfológicos para que o endométrio se torne receptivo. E se, ocorrer o desequilíbrio de alguma dessas fases pode provocar a falha da implantação embrionária ou perdas gestacionais.

A perda gestacional recorrente, é caracterizada quando acontece de três ou mais abortos espontâneos decorrentes em menos de 20 semanas de gravidez.

Enquanto a falha de implantação, depois de ciclos de fertilização in vitro (FIV) é determinada como o não alcance de gestação clínica depois de três transferências de embriões de qualidade em mulheres com menos de 40 anos de idade. Depois de duas transferências de embriões procedentes de óvulos doados ou analisados geneticamente, já é definido como falha de implantação.

As causas de risco consideradas para a falha de implantação e perdas gestacionais recorrentes estão associadas a anomalias cromossômicas do embrião (aneuploidias), idade da mulher, imunológicos, alterações uterinas estruturais e distúrbios endócrinos. Dentre essas causas, a mais recorrente é a aneuploidia embrionária que atinge mulheres com idade mais avançada.

No entanto, com a chegada da pesquisa genética pré-implantacional, há a possibilidade em detectar aneuploidias embrionárias durante os ciclos de fertilização in vitro, impossibilitando o uso destes embriões. Em contrapartida, embora os embriões geneticamente normais sejam transferidos em ciclos de FIV, a falha pode acontecer em cerca de 30% dos casos, assim que identificada a falha de implantação ou perdas gestacionais recorrentes, outros motivos podem estar relacionados e precisam ser pesquisados.

A trombofolia é um grande fator na falha de implantação embrionária e aborto de repetição.

Ela é caracterizada pela predisposição de gerar trombos e por conseguinte a obstrução dos vasos sanguíneos, em razão de modificações nos procedimentos de coagulação do sangue. A trombofilia inclusive pode causar abortamentos. 

Outra causa em que há controvérsia na falha de implantação e perdas gestacionais recorrentes é a modificação do sistema imunológico, contudo, ainda precisam de evidências para determinar de forma precisa qual a responsabilidade das células do sistema imune, como as células Natural - Killer (células NK) e de seus produtos na relação com estas ocorrências. Até o momento não há fundamento científico sobre esses processos e da associação de causa e efeito entre modificações neste método e eficácia de gestação.

Sabemos que um dos motivos das falhas de implantação ou perdas recorrentes é em razão ao desequilíbrio do sistema imunológico e uma das alternativas de tratamento é a imunoterapia, que tem como intuito aperfeiçoar a receptividade uterina, ampliar a implantação embrionária e impedir perdas gestacionais.

Porém, não há comprovação científica, entre elas estão o uso da imunoterapia com linfócitos T, intralipid e imunoglobulina endovenosa, que hipoteticamente teriam características imunossupressoras e seriam eficientes em equilibrar moléculas inflamatórias e células NK, mas as autorizações atuais de várias instituições não validam o uso desse tipo de terapia. Inclusive outras terapias auxiliares, como: Coenzima Q10, DHEA (desidroepiandrosterona), GH (hormônio de crescimento) e melatonina.

As organizações nacionais e internacionais de Reprodução Assistida indicam que quando houver falha na gestação, o caso precisa ser analisado de forma individual para que as orientações, diagnósticos e tratamentos auxiliares sejam executados conforme cada caso.

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